Mais sobre o Câncer de Próstata
- Dr. José David Kartabil

- 7 de ago. de 2018
- 2 min de leitura

O câncer de próstata costuma ocorrer em idade mais baixa e ser mais agressivo nas populações negras e pardas. Diferentemente do que ocorre na Europa, elas são a maioria no Brasil — são 97 milhões de pessoas segundo dados de 2010 do IBGE. Além disso, uma pesquisa recente da Universidade Católica de Brasília revelou que 45% dos brasileiros, entre brancos, pardos e negros, carregam 90% de genes cuja origem remonta à África Subsaariana — 86% dos brasileiros possuem até 10% desses genes.
No Brasil, os exames da próstata são ocasionais, feitos nos homens que procuram espontaneamente os serviços médicos. Em 2011, o SUS fez cerca de 17 milhões de consultas ginecológicas, ante apenas 2,6 milhões de consultas urológicas. Ocorre que a população masculina entre 45 e 75 anos, alvo do rastreamento para doenças da próstata, é de aproximadamente 21 milhões de cidadãos.
Consultar-se com o urologista para apurar se está tudo bem com a próstata pode trazer benefícios diretos e indiretos, inclusive a detecção de outros problemas de saúde assintomáticos. O rastreamento leva em conta a história familiar, fatores de risco, o toque retal e as variações no PSA — medidas sequenciais que indicam a velocidade de aumento ou não desse marcador sanguíneo.
Fazer apenas a dosagem do PSA é oneroso e pode induzir a erros. Isoladamente, o exame não auxilia a tomar condutas.
Um dos principais objetivos do diagnóstico precoce não é apenas manter o homem vivo, mas dar-lhe qualidade de vida. Quando o câncer se encontra disseminado, o tratamento passa por intervenções que muitas vezes se estendem pelo resto da vida, comprometendo em definitivo a produção de testosterona. Sem esse hormônio, por sua vez, sobrevém um maior risco de doenças cardiovasculares, impotência sexual, osteoporose e dificuldades cognitivas. Falar apenas em sobrevida do paciente, portanto, é encurtar e limitar o debate.
Os dados mais recentes indicam que a real discussão não é se devemos rastrear ou não a doença, mas como fazer isso de uma forma racional. A maioria dos pesquisadores concorda que o rastreamento anual em todos os homens acima de 50 anos não se justifica. Assim, os programas de rastreamento devem focar na avaliação e nas decisões de especialistas (urologistas e oncologistas) e não nos programas de atendimento básico.





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