Cálculos Renais Coraliformes (Pedra nos Rins)
- Dr. José David Kartabil
- 19 de ago. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 21 de ago. de 2019
Os cálculos renais, mais comumente conhecidos como pedras nos rins, são concreções formadas pela agregação de sais minerais presentes na urina. Uma pedra é dita renal quando se localiza na pelve renal ou em algum cálice renal. Sua ocorrência anual é de 120-140 casos para cada grupo de 100.000 pessoas e atinge mais frequentemente adultos na faixa dos 30 a 40 anos. As pedras têm diferentes composições, podendo ser compostas por sais de cálcio (tipo mais comum), ácido úrico, estruvita (magnésio + amônia+fosfato) ou cistina.

Os cálculos renais coraliformes são aquele que ocupam a pelve renal e estende-se, no mínimo, a um grupo calicinal, normalmente são pedras grandes. A evolução clínica pode culminar com a perda da função do rim acometido. Acometem pacientes com infecções recorrentes causadas principalmente pela bactéria do gênero Proteus, as quais aumentam o pH urinário e favorecem a precipitação de sais, em especial da estruvita (combinação de fosfato, amônia e magnésio).
O tratamento do cálculo coraliforme, dada a característica da condição, geralmente é um tratamento complexo que pode exigir retratamentos e/ou associação de tratamentos.

A nefrolitotrícia percutânea é a forma recomendada de tratamento de cálculo coraliforme por aliar a melhor relação resultado / morbidade. A probabilidade de ficar livre de cálculo com a cirurgia percutânea é acima de 70%..
A litotrípsia extracorpórea por ondas de choque em cálculo coraliforme pode ser utilizada ocasionalmente para cálculos não muito grandes e com via excretora normal. Para a litotrípsia extracorpórea, a taxa média dos que ficam livres do cálculo é entorno de 50%..
Os cálculos coraliformes podem necessitar de uma combinação de tratamentos, como litotrícia extracorpórea e cirurgia percutânea, as vezes com auxílio de Ureteroreno Flexível. A Videolaparoscopia em casos selecionados. São casos desafiadores para o Urologista.
A cirurgia aberta, muito usada ainda no Brasil, é empregada e reserva-se a casos complexos, de cálculos extremamente grandes e com via excretora desfavorável, e também nas situações de obesidade mórbida ou deformidades esqueléticas, nas quais os equipamentos de imagem e endoscópicos podem não ser suficientes ou adequados. A cirurgia aberta tem uma taxa livre de cálculo de 71%.
O tratamento conservador não é uma opção, pois implicaria morbilidade e mortalidade significativas. Esta patologia exige um tratamento cirúrgico agressivo.
A história natural (desfecho caso não sejam tratados) destes cálculos é bastante conhecida, o que facilita as orientações terapêuticas. Estudos históricos que avaliaram pacientes tratados conservadoramente, seja por elevado risco cirúrgico ou por recusa ao tratamento, demonstraram informações alarmantes. O cálculo coraliforme não tratado associa-se a uma mortalidade de 28-30% em 10 anos. Dos pacientes que sobrevivem a esta enfermidade, 21% desenvolvem cálculos coraliformes no outro rim devido à infecção crônica característica destes cálculos; 36% passam a apresentar algum grau de insuficiência renal; e 27% necessitam de intervenções ou tratamentos por infecções urinárias graves ou sepse (infecção generalizada).
A nefrectomia deve ser realizada nos doentes com litíase coraliforme num rim sem função ou com função residual (abaixo de 10%). O rim não funcionante pode causar morbidade persistente, como infecções recorrentes e sépsis, que colocam a vida em risco.
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